Rei Menino e os espinhos
De manhãzinha Maria, José e Jesus menino já estavam de pé. Um frio gélido cortava a espinha, mas eles muito tinham pra caminhar. Antes do Sol surpreender a aurora, com certeza era mais fácil enfrentar a estrada poeirenta e cheia de acidentes. Eles seguiam com entusiasmo e motivados a celebrar mais uma vez na cidade Santa a festa da Páscoa. A todos que encontravam pelo caminho saudavam atenciosamente.
Ao longe, seguindo outra trilha, uma multidão de pessoas também se dirigia rumo à grande cidade onde o Rei Salomão outrora governou. Jesus a tudo observava e afetuosamente guardava em seu coração. Um episódio interessante chamou seu olhar. Bem ao seu lado esquerdo uma colina atípica e misteriosa. Era de uma altura avantajada que se destacava das outras circunvizinhas. Observando-a com olhos mais atentos tinha a aparência de um crânio humano ainda que um pouco deformado. De repente, quando o menino Rei, ao se desviar da trilha para mais de perto apreciar aquela elevação inusitada, pisou num espinho e seu pé começou a sangrar.
Maria, aflita, logo foi atendê-lo. Mas Jesus continuava tranquilo, pois seu coração já sabia antecipadamente o que significava aquela passagem em sua vida. Seguiram em frente rumo a Jerusalém e à noitinha lá chegaram. Sete dias depois, quando voltavam das festividades, algo de novo os aguardava naquele lugar solitário, árido e coberto de pedregulhos. Bem no local onde Jesus feriu o pé e seu sangue havia derramado na Terra um acontecimento único sobreveio. Nasceu uma Roseira vistosa toda coberta de rosas. Ao chegar mais perto um detalhe incrível chamava a atenção: no pé da Roseira não havia um só pé de espinho. Jesus viu tudo aquilo e em silêncio ficou, mas Maria, dentro de seu coração de Mãe, sentiu sua Alma dilacerada.
Aquele não era um lugar comum e aquela roseira sem espinhos profeticamente já indicava a trajetória que seu amado filho algum dia teria que passar. Naquele momento Maria viu com os olhos do Espírito a redenção da humanidade e apreendeu porque a Rosa não tem espinhos... Os espinhos, nossas imperfeições, com certeza fazem parte da natureza humana. É o legado que a humanidade ainda tem que resgatar.
João Batista Conrado, arte-educador, pós-graduado em Arteterapia, artista plástico e gráfico, professor na Escola Livre Porto Cuiabá
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